ÀS PENAS

Estava subindo a ladeira, seguindo o itinerário para o pão-de-cada-dia. O fluxo do tráfego estava intenso, considerando que se tratava de uma cidade do interior. Pais que levavam os filhos à escola, alguns de carro e outros de bicicleta e a pé também. Pessoas que iam para o trabalho. Alguns transeuntes se reabilitando através de caminhadas matinais.
Andando, seguia a minha rotina. Cenas que se repetiam, outras inéditas. Naquele dia, subiu comigo um casal de galináceos e um filhote, este já trocando as penas. Como todo mundo sabe, essas aves não são muito dadas às atenções, sobretudo no trânsito.
Pois bem, atravessei a rua. Mas, antes, olhei para um lado e para o outro, certificando da minha segurança. O mesmo não fez as aves. Daí que, naquele dado instante, desceu um veículo, não lembro qual, numa velocidade até que controlada. Foi aí que aconteceu o acidente.
Não vi, mas, pressenti. Quando olhei de volta, vi o pintinho estrebuchado na via pública, em sua agonia final. A mãe-galinha correu desesperada até o filho. O galo veio atrás.
- Agora, vem você achando que é uma humana. Você é uma galinha, mulher! Daqui a pouco está por aí botando ovos e chocando outra ninhada de pintos.
A vida continuou.